NOTA TÉCNICA Nº 06/2015
Assunto: Mormo no Rio Grande do Sul
A presente nota técnica tem o objetivo de informar sobre os casos de Mormo no RS. A
importância para a saúde pública deve-se ao fato de ser uma zoonose. Assim, todos os cuidados e
medidas de prevenção devem ser empregados a fim de se evitar a disseminação da doença pelo
Estado.
Registrado pela primeira vez no Rio Grande do Sul, no município de Rolante, o Mormo é uma
doença infecciosa que acomete, principalmente, os equinos. É uma enfermidade causada pela
bactéria Burkholderia mallei e se manifesta por um corrimento viscoso nas narinas, com a
presença de nódulos nas mucosas nasais, nos pulmões, nos gânglios linfáticos, catarro e
pneumonia. A forma aguda é caracterizada por febre, fraqueza, secreção amarelada, que pode se
tornar sanguinolenta, e dispneia. Não tem tratamento e o animal é sacrificado.
O mormo é transmitido pelo contato com o material infectante, seja diretamente com
secreções do doente ou indiretamente por meio de fômites, bebedouros, comedouros e
equipamentos contaminados. Pode ser transmitida aos homens e a outros animais. Os principais
hospedeiros são os equinos, muares e asininos. Já foi relatada em cães, gatos, ovinos, caprinos e
camelos. Bovinos, suínos e aves são resistentes. Em animais pode se manifestar logo após a
infecção ou tornar-se latente. Em humanos o período de incubação varia de poucos dias a meses,
sendo usualmente de 1-14 dias.
O ser humano normalmente se infecta pelo contato com animais doentes, fômites
contaminados, tecidos ou culturas bacterianas em laboratórios. Pode ser considerada uma doença
ocupacional, visto acometer, principalmente, trabalhadores, tratadores, médicos veterinários,
trabalhadores de frigoríficos, pesquisadores e laboratoristas. Porém, também pode acometer
proprietários de animais e outras pessoas. A transmissão ocorre por meio de feridas e abrasões na
pele. O indivíduo apresenta-se febril, com pústulas cutâneas, edema de septo nasal, pneumonia e
abscessos em diversas partes do corpo. É uma zoonose de difícil tratamento, sendo, quase
sempre, fatal.
A bactéria é rapidamente inativada pelo calor, raios solares diretos e é sensível aos
desinfetantes comuns como hipoclorito de sódio. Porém, sua sobrevivência pode ser prolongada
em ambientes molhados e úmidos. A doença não tem vacina e nem tratamento. Animais positivos
são sacrificados. Uma das formas de prevenção é evitar o contato com outros animais doentes,
mantendo os exames sempre em dia e evitando locais de aglomerações de animais onde não haja
fiscalização e controle nas áreas de risco.